sábado, 17 de junho de 2017

AS CONFISSÕES

AS CONFISSÕES

Houve um tempo, que eles eram vistos na faculdade como os três mosqueteiros. Onde estava um, estavam todos! Adalgiza cursava a cadeira de psicologia, Martha a de engenharia e Pedro a de arquitetura. Mas nos intervalos entre as aulas, invariavelmente se encontravam no campus da faculdade. Tinham até um local favorito, à sombra daquela grande árvore que devia ser a mais velha ali plantada. Era uma amizade que dificilmente seria destruída. Afinal quando se é jovem tudo parece eterno e indistrutivel.

Porisso, para Adalgiza era deveras estranho, estarem os três ali reunidos, passados tantos anos, em seu consultório, para um consulta profissional. Martha e Pedro, estavam tendo problemas conjugais e cabia a ela ouvi-los e tentar decifrar o que estava realmente acontecendo com aquele que era considerado pela imprensa carioca como o casal 20.

Depois de perguntar como ia indo o Juquinha, seu filho, Pedro finalmente quebrou o silêncio sobre a questão daquele encontro, que já estava deixando a todos constrangidos. Sei que o problema, está sendo causado por mim, mas acredito que com a sua ajuda, poderemos se não saná-lo, pelo menos minimizá-lo. Nós nos conhecemos a anos e creio que ninguém pode ter mais chances de decifrar o que está acontecendo Martha soltou um som que demonstrava, que ela não estava de acordo. Adalgiza não sabia se pela escolha de seu nome, ou apenas pela impossibilidade do problema de ser sanado ou minimizado. Tudo parecia nebulozo entre aquele casaç que na cociedade parecia ter uma união da mil e uma maravilhas.

Adalgiza olhou para ela, procurando não demonstrar sua desaprovação pelo expressado, porém, não se conteve e perguntou: algo que está em desacordo, Martha? A resposta foi seca e direta: acho que isto não nos levará a lugar algum. Uma total perda de tempo.

Uma linha havia sido traçada. Pedro queria ultrapassá-la, Martha não. Mas a ela cabia apenas ouvir. Porém, precintia os indícios de um grande impasse, que na maioria das vezes, separa um casamento considerado feliz. Para Adalgiza, tratava-se claramente de um pulo de cerca. Pedro, havia traido Martha, com outra mulher e esta dificilmente o perdoaria. Martha tinha escrupulos, embora fosse aparentemente para muitos - e certamente para a profissional - uma porra louca e Pedro sempre fora um galinha. E ademais, Martha detinha a grana da familia, e nunca fora, desde os tempos da faculdade de dividir sandwich, quanto mais marido.

Na faculdade fora sempre assim. Adalgiza era aquela que pensava antes de falar. Martha a que falava sem pensar. E Pedro era o recluso que pouco pensava, mas que agia sem falar. Na época achavam que se completavam. Mas na juventude acha-se de tudi. o que fazer? O que lhe sobrava de beleza fisica, faltava-lhe de massa cefálica. Na verdade era um um trio que se completava, numa época de descobertas e conquistas que eram parte do cotidiano.

Adalgiza se apaixonara por Pedro, ao primeiro olhar. Mas foi Martha, com seu jeito brejeiro e ousado, e por que não dizer com a força financeira de sua família, que havia conquistado, definitivamente, o coração de Pedro. Uma história que a humanidade vê repetida, enumeras vezes.

Mas Pedro, sempre teve em Adalgiza, seu porto seguro. Era nela que sempre despejava seus problemas. E Martha sentiu sempre o desafio que Adalgiza podia se constituir na mente de Pedro. Eram interesses distintos, mas que se atraiam como polos opostos. Depois de casada abandonou a convivência com a amiga e confidente e o galinha aceitou.

Vou tentar colocar, de uma forma sucinta, como a coisa começou. Demonstrou novamente a iniciativa, Pedro, que para Adalgiza, de sucinto nada tinha. Sempre fora um cara prolixo, dono dificuldades intransponiveis de colocar em ordem tanto idéias quanto mais soluções. Era lindo, consagrado em sua profissão, mas prolixo. Sempre o foi, e sempre o seria, ao ver da psicóloga A não ser que tivesse sido sujeito a uma recente lobotomia.

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Para Pedro, estar em Buenos Aires, como já formado e casado, era um “must”. Desde menino, quando a primeira vez colocou seus pés na capital Argentina, ainda acompanhado de seus pais, que se sentiu parte daquela atmosfera. Era um ambiente sofisticado, com requinte europeu e um povo que além de politizado, sabia onde queria chegar. Estar de volta, quando seus sonhos pareciam estar em plena realização, era algo que o deixava com o coração acelerado. Tanto assim que não viu, a principio, Dolores lhe comentar algo.

Estavam esperando as malas em Ezeiza, e a mulher a seu lado, que era de uma beleza invulgar, havia lhe dito algo. Pedro a olhou. Era extraordinária. Do tipo que teria que ser esculpida ou retratada a óleo, para fazer juz a tamanha beleza. Ele recém chegado do Brasil. Ela da Espanha, via Brasil. Não haviam se visto no avião. Tinha certeza disto, pois, um rosto como estes, nunca passaria a desapercebido a ele. Talvez, só havia notado naquele momento, pelo simples fato, de viajarem em classes diferentes. Ele na “business” e ela provavelmente na turista.

Dolores, como posteriormente apresentou-se tinha uma beleza distinta da de Martha, sua esposa. Uma era loura, brejeira e avassaladora a outra morena com mechas e simplesmente perfeita em todos os seus traços, inclusive na forma de atrair a atenção de quem quer que fosse. E sabia explorar seu corpo, com trejeitos faciais, um incrivel par de olhos negros, e um vestuário digno de um arquiteto, coisa que Pedro, não tardou a descobrir, no taxi, que os levava a cidade, e que resolveram dividir, para não perder o fio da meada, iniciada naquela bendita e demorada espera das malas. Recém formada e de familia de posses, ela imediatamente passou a ser o presente que Pedro sempre pedira a Papai Noel.

Buenos Aires era realmente a sua cidade. Sentiu isto aos nove anos de idade, quando pela primeira vez ali pisou e agora tinha certeza aos vinte e oito, depois de mais três confirmações em visitas anteriores. Mas ele estava perdidamente interessado em Dolares. Que Buenos Aires se danasse! Ela ia para Palermo Chico, onde disse morar,  e ele iria para onde ela o levasse. Ao inferno se necessário fosse. Todavia, tinha reservas mo Plaza na Recoleta, onde iria se hospedar o tempo necessário até conquistar aquela mulher. Era caminho e o prazer da compania os levou a seguirem juntos e marcarem um jantar ainda para aquela noite.

Sorte que havia tirado a aliança, colocada no bolso e esquecido de colocá-la de volta no dedo, após lavar as sua mãos no banheiro do avião. Ela, a aliança, estava frouxa em seu dedo, e em casa havia caido na pia do banheiro. Por pouco não escorreu pelo ralo. Mas depois de Dolores, ela achava que a aliança, permaneceria no bolso de seu colete, por algum tempo. A vida toda se necessário...

Em sua suite no Plaza, depois de telefonar para Martha e informá-la que havia chegado bem, e que a noite voltaria a telefonar, logo após um jantar que teria com aqueles que o haviam contratado, como de hábito, desfez sua mala e colocou toda a sua roupa nos lugares de direito. Mania que sempre teve e que irritava a Martha, a imperatriz da desorganização.

Pedro, achava que coisas belas, deviam ser prezervadas, desde as ruinas gregas as suas camisas e meias Bugati. Mas não pode cumprir a sua promessa, pois, o jantar com Dolores se alongou e o resto da noite foi perpetuada em sua suite. Apenas um detalhe lhe chamou a atenção. Ela estava de cabelo ainda molhado, mas usava a mesma roupa do avião.

Pedro ignorou as três chamadas feitas por sua mulher a seu celular e as duas para o quarto do hotel. No dia seguinte arrumaria um motivo. Pois o motivo maior estava agora acima de si, perfazendo um sexo estonteante.

Foi uma noite de prazer, mas acima de tudo divertida. Dolores e ele, pareciam almas gêmeas. Gostavam das mesmas coisas e curtiam viver o momento sem se preocupar o que pudesse estar a sua volta. Aceitou o convite de jantar no dia seguinte em sua casa, pois, tinha certeza, que aquilo não seria um caso passageiro. Mas foi, e por dois bons motivos.

Dolores tinha pais maravilhosos e duas irmãs menores, respectivamente de 24 e 23 anos. A produção havia sido em serie, já que Dolores tinha 25 anos, incompletos, segundo ela própria.

Conhecendo sua mãe, era fácil de se entender o porque daquela escadinha. Olga Imaculada, fazendo juz a seu nome, deveria ter sido, quando jovem, de um beleza nobre e pura. Ao contrário de seu marido Stefan, um homem tosco, de origem dinamarquesa, porém afável e do tipo de bem com a vida. Tinha um sorriso bonachão e parecia ter sido uma pessoa simples. Era forte para burro e Pedro imediatamente admitiu que ir as vias de fato com ele, seria um êrro, pois, acima de tudo era faixa preta de jiu’jitsu, Graças ao bom Deus, e para o bem da humanidade, os gens de Olga Imaculada tinham sido mais preponderantes que o de Stefan.

Olga - a filha de 24 quatro anos - era calada, não tão linda como suas duas irmãs, mas igualmente bela. Tinha uma presença marcante, daquelas que deixa qualquer homem interessado. E agradava a cada minuto passado pela firmeza de suas atitudes. Lembrava a ele, uma colega de faculdade que muito prezara, Adalgiza. Mercedes, a caçula, era espevitada e cheia de vida. Com aquele seu sorriso, e aquelas duas covinhas formadas pelo mesmo em sua face, conseguiria o que quizesse, até do Papa.

Mas dois motivos, fizeram daquele relacionamento que Pedro achava que poderia se manter por algum tempo, mais do que passageiro, fora relâmpago. Dolores era noiva, e Juan - que chegou logo a seguir - tinha cara de ser um bom rapaz. Seu aperto de mão foi extremamente forte, como que ele quizesse com ele, delimitar o seu perimetro de ação, que tinha como centro gravitacional, sua noiva. 

O segundo motivo foi Olga, ou melhor algo que Dolores disse a ele na varanda do apartamento de seus pais, aproveitando a ida de Juan ao banheiro e que fez para Pedro todo o sentido. Pedro desculpe não avisa-lo de Juan, mas o que passou passou. Foi divertido, pois, teve inicio, meio e espero que um fim, Leve em consideração que foi uma despedida de solteira. Como Pedro estampasse em sua face uma expressão de total estupefação, ela complementou; não faça esta cara de espanto, pois, para quem na fila do check in portava uma aliança na mão esquerda, e na espera das malas nenhuma, você estava afim de uma aventura. A teve. Espero que tenha se divertido, e tente se contentar com isto. Andiamo baby!

Abandonado a seguir na varanda, ele concluiu imediatamente que Dolores estava certa. Talvez não fosse a frouxidão da aliança em seu dedo, a verdadeira razão de não estar usando sua aliança, Gostava de Martha, de todo o pacote que vinha com ela, mas nunca tivera convicção daquele casamento. Mas Mercedes, não o deixou prosseguir em seu pensamento: estou no terceiro ano de arquitetura. Dolores se formou este ano, e estamos pensando em montar um escritório. Fale-me de sua profissão.

Ele olhou para aquele prototipo de mulher linda e sorriu. Não havia muito a se falar. Era mesmo arquiteto, mas esta não era na realidade, a sua primeira função. A primazia recaia no fato de ser marido de uma mulher muito rica que tinha contatos extraordinários em virtude de ser filha, de um casal abastado, que representou a um certo tempo, a união de dois únicos herdeiros, de duas, das mais importantes fortunas do Rio de Janeiro. E isto imediaramente selou a sua vida profissional. Uma chuva de projetos caiu em seu colo, sem que ele precisasse lutar pelos mesmos. Ele mesmo não sabia como explicar para aquela pirralha sua história, outrossim, ao invéz de responder ao que a ele fora perguntado, fez a sua própria pergunta: e Olga, o que faz? A resposta foi instantenea: psicologia, ela é o lado racional desta familia.

Ambos riram, mas Pedro sentiu de pronto, que de alguma forma tinha que se aproximar de Olga. O destino o colocara ali, por caminhos tortuosos, para ele a conhecer. Afinal, desde o primeiro minuto foi ela que o atraíu, como Adalgiza o fizera anos atrás na faculdade. Ao voltarem a sala, para a sua tristeza, foi informado, que Olga havia se recolhido, enquanto o casal Dolores e Juan trocavam caricias no sofá, a chefe da familia desaparecida na cozinha e Stefan se encontrava a minutos de encapotar. Hora de levantar acampamento.

Mais algumas ligeiras palavras trocadas com Stefan e Olga Imaculada, - a mãe - e um convite, com aceite e garantia de sua presença, no comparecimento, para um fim de semana no haras da familia, Pedro se despediu, sendo beijado pelas três mulheres remanescentes, na sala.

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Mas Olga - a filha - não saiu de sua cabeça, e nem tampouco o deixou adormecer logo que chegou a sua suite. Parecia ser uma mulher intrigante e que não fora muito com a sua cara. Pois, foi a única, na mesa do jantar, a não rir com suas piadas E não dirigir-lhe uma palavra sequer. O desafio que gostava de enfrentar.

Desceu encima da hora. Stefan havia avisado na véspera que um carro o estaria esperando na entrada do hotel, as oito em ponto. Eram 8.10, o que para um carioca nunca foi um atraso, pois, a outra parte nunca chegaria também na hora. Mas isto que é usual no Rio de Janeiro, não funciona em Buenos Aires. E Pedro, ficou ainda mais sem graça, ao descobrir que era Olga - a filha - que estava por trás do volante e com cara de poucos amigos. Seria pelo atraso ou por ter que servir de motorista para ele, especificamente? Desculpe-me Olga, mas a portaria esqueceu de me acordar, A resposta foi laconica: estamos atrasados. Hora de permanecer calado

Se Olga - a filha - era como dizia Mercedes, o lado racional da familia, isto, de maneira alguma, era refletido em sua forma de dirigir. Era uma louca desvairada. Não conseguia se manter em uma mesma pista e queria ultrapassar a tudo e a todos. Provavelmente a reeincarnação de Juan Manuel Fangio. Sem dizer uma palavra, colocou aos dois na estrada, em coisa de minutos, sem que deixa-lo em momento algum, tranquilo. Pedro se sentiu na obrigação de iniciar um dialogo, que de alguma forma amenizasse aquela situação, possivelmente criada por seu atraso.

Você é rapida no volante. Sem olhar para ele, ela respondeu: vocês cariocas não deviam se espantar com o fato. Em uma frase ela provou não só conhecer o Rio, como a mentalidade de um carioca ao volante. Pedro sorriu, mas nem isto trouxe Olga para o convívio dos mortais.

Olga, desculpe pelo atraso, Não foi minha intensão. Ela novamente sem olhar para ele, perguntou a queima roupa: e também não foi sua intenção dormir com minha irmã no dia anterior ao jantar em nossa casa? Pedro arregalou seus olhos. Aquela menina era direta demais. Ia ao ponto sem subterfujos. Como Adalgiza, na época da faculdade, que fez semelhante pergunta a ele, quando bebado tentou em uma oportunidade levá-la para cama, no dia seguinte de ter dormido com Martha. Até hoje suas palavras reverberavam em sua mente: Martha não está saciando seus desejos na cama?

Existem horas que ficar calado lhe trás maiores ganhos do que se tentar dialogar. Ele perdera a oportunidade, Todavia, iriam ser mais duas horas de estrada, segundo pesquisara e manter-se aquele clima, seria ao ver de Pedro, insuportável. Quanto a Olga, tinha certeza que ela o deixaria com prazer no primeiro posto de abastecimento.

Tratou de tentar colocar em sua voz uma certa firmeza e perguntou: o que a faz a levar a fazer este comentário?  Sua resposta foi instantanea, só que desta vez, acompanhada de um olhar penetrante: conheço os cariocas e mais do que isto minha irmã.

Estava na cara que algum carioca já estivera naquela horta e os resultados não haviam sido agradáveis. A hortaliça fora degustada e depois abandonada. Mas era sua obrigação contornar aquela ilha de ódio. Pensou um pouco e chegou a conclusão que era hora de se tentar reverter a situação: nem todos os cariocas são farinha de um mesmo saco.

A curva abrupta que Olga fez para não perder o posto de gasolina, foi um misto de necessidade e ira. Ela, realmente, havia acusado o golpe. E parecia que sua racionalidade chegara ao limite. E ele seria certamente abandonado no posto

Por acaso é psicologo? Arguiu ela ao estacionar o carro junto da bomba, encarando-o de uma forma que lhe lembrou Adalgiza. Livrando-se de seu cinto para sair do carro e caminhar até a bomba, Pedro não perdeu a oportunidade de retrucar: não sou psicologo, mas reconheço esta sua reação. Qual a octanagem que usa? Faço questão de colocar a gasolina

Volte para o carro, aqui temos quem ponha a gasolina. Isyo é um pais civilizado. Ela tinha sido mais uma vez laconica, mas Pedro pode sentir, pela primeira vez, que não havia tanta rancor em sua voz. Até ela cientificara.se da belicosa forma que estava tratando uma visita, que era inoportuna, mas não deixava de ser uma visita.

Um silêncio foi mantido com o enchimento do tanque. Quer beber algo? Perguntou ela, após Pedro fazer questão de pagar pela gasolina. Não mas se você quizer irei buscar. Pela primeira vez ela fez menção a deixar seus lábios formarem um sorriso, mas imediatamente retraiu-se. Ele era o inimigo e ela de maneira alguma seria a caça. Não podia, em momento algum, esquecer deste fato.

De volta a estrada, Pedro se sentiu mais a vontade e achou que ser honesto haveria de amenizar em muito aquele contato. Desde o jantar que sentiu algo de diferente em relação a ela, e sabia que de alguma forma ela o evitara. Algo inicialmente lhe fez crer que fosse um medo dela em relação a ele. Agora tinha certeza da verdadeira razão, mas que de maneira alguma afastava a hipótese dela ter tido medo: mas medo porque? De ser conquistada? O pensamento o fez sorrir.

Está sorrindo por estar feliz? Perguntou ela sarcasticamente. Ele aumentou a amplitude de seu sorrizo e respondeu: Buenos Aires sempre me fez feliz. Ela  acelerando ainda mais, voltou a perguntar: Buenos Aires ou as argentinas?  Era hora de colocar um ponto final naquela troca de fogo. E Pedro decidiu o fazer, nem que fosse abandonado naquela estrada. Olga, desculpe se dormi com sua irmã e no dia seguinte fui dividir o convivio com a sua familia. Desculpe se alguma experiência no Rio ou com um carioca, esteve abaixo de suas expectativas. Sou grato pela maneira educada que fui recebido por sua familia e o convite que recebi para este fim de semana no haras. Não sabia que sua irmã era noiva . Eça se esqueceu de comentar o fato e achei que eu e você poderiamos ter um relacionamento adulto. Mas se a minha presença a irrita tanto, deixe-me no próximo posto de gasolina, que eu dou um jeito para voltar a Buenos Aires, e depois invento uma desculpa a seus pais.

Ela se manteve impenetravel, e após alguns segundos de silêncio, complementou: pelotudo! Até nisto ela se assemelhava a Adalgiza. Antes de responder raciocinava o que iria dizer. Lembrou de um jornalista que disse que era perigoso de discutir com uma mulher de óculos.

Seguiram por mais alguns kilômetros calados, quando ela resolveu quebrar o silêncio: Perdoname. Tenho estado num estado de stress com meus exames finais. Não tenho direito de me meter na vida de minha irmã, quanto mais da sua. Só achei uma sem vergonhisse, você parecer na casa de meus pais e ainda mais na presença do noivo de minha irmã. O ponto era válido, porém não justo. Era hora de se colocar a verdade sobre a mesma, Ou melhor parte da verdade: Repito, por achar importante, sua irmã nunca me disse que era noiva e que o Juan estaria presente no jantar. Se houvesse revelado o fato, não teriam acontecido as coisas que vieram a acontecer e nem eu aceitaria o convite para o jantar.

A explicação pode não ter convencido de todo a Olga, mas pelo menos suavisaram a situação, que não era ainda amigavel, todavia, poderia a partir de agora, se manter, pelo menos, respeituosa.

Ela concordou com a cabeça e ele sentiu que sua fisionomia tornara-se menos bélica. era hora de acabar de uma vez por todas com aquele clima de animosidade: olha aqui Olga, comessamos com o pé esquerdo. Que tal apagarmos o que aconteceu e conviver com o que vem pela frente. Juro a você, que depois deste fim de semana, se você assim o decidir, nunca mais irei aceitar convite algum de estar com os seus. Serei passado.

Pela primeira vez sua face se tornou realmente serena, como se um peso houvesse sido tirado de suas costas. Assim espero e sorriu, Continuou a dirigir calada e calados ele chegaram a San Antonio de Areco, a região do haras de sua familia. Mas antes de chegar ao destino final, ainda na rodovia 41, ela diminuindo a velocidade, e desferiu a sentença: Volto a me desculpar. Vamos conviver neste fim de semana e no Domingo a noite aceito ou não a sua proposta. Combinado? Pedro limitou-se a um consentimento com o movimento de sua cabeç, pois ainda temia por sua integridade fisica...

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Cavalos de corrida, sempre foram para Pedro um mistério. Quase um desafio. Maior até que as mulheres. Eram criaturas de extrema beleza e alta irritabilidade, mas que em sua maioria das vezes se tornavam dóceis e competitivos ao serem montados por profissionais do ramo. Ele nunca fora frequentador do hipódromo da Gávea, mas lá compareceu em dois ou três Grande Premios Brasil. E gostou do que viu, embora não tenha sentido vontade de voltar, em outras datas, ou sequer pertencer a aquele outro mundo. Sua vida já era composta de muita fantasia, para ele necessitar de outras.

O haras era lindo. Sua arborização, seus pastos, as cercas brancas, os animais soltos a correr e a pastar, os estábulos, tudo em um magnificente estado de conservação. Porém, nada podia a ser comparado a sede. Uma casa simples, mas de imenso carácter. Olga Imaculada - a mãe - e Stefan, este de bombachas, os estavam esperando à porta o que mais tarde foi descrito como uma “hacienda”. Montravam-se felizes em recebe-los e logo Pedro veio a descobrir, que Olga - a filha - era o centro de equilibrio daquela familia. Ou como diria a espevitada Mercedes, o único elemento racional da mesma.

Dolores e Juan, não estavam, presentes, haviam ido a uma estação de ski, que ele não guardou o nome, mas Mercedes estava mais espevitada que no dia do jantar. Imediatamente se prontificou a levar a Pedro a conhecer o haras, enquanto o almoço não viesse a ser servido. Pedro aceitou o convite, mas teve o cuidado de antes olhar para Olga - a filha - que soltou aquele seu penetrante olhar como que dizendo: não toque nela, pois, sei do que você é capaz.

No jeep e no meio dos campos, Pedro e Mercedes tiveram seu caminho cruzado por Olga - a filha - e seu pai, montados em dois cavalos de lida. Pareciam curtir o que faziam, e nem bola para eles deram. Olga é campeã de equitação, como meu pai o foi. Eu tenho pavor dos cavalos. Pedro sorriu e perguntou: e Dolores? A resposta daquele azougue foi imediata: nem sabe que os cavalos existem. Nunca vem ao haras.

Eram na verdade três distintas personalidades e cada vez mais viu Mercedes, a seu lado, como sua Martha, avoada e cheia de atitudes. Uma das caracteristicas próprias da grande maioria de meninas ricas.

Você é casado? Pedro se assustou com a pergunta. E ela notou. O que achou de estranho? Quero saber onde estou pisando. Pedro  a principio não sabia o que dizer, mas seu senso de auto defesa voltar a funcionar. Não sou tapete para ser pisado. Não casado e gostaria de manter-me assim. Ela sorriu e retrucou. Quer dizer que não tenho chance alguma? Ele a encarou e sorrindo zobeteiramento, respondeu: zero

Mas ela sabia que ela era exatamente seu número...

No almoço sentou-se ao lado de Olga, - a filha - não porque assim o quiz, mas porque assim o foi determinado. E gostou da escolha. Muita coisa foi conversada no farto e inacábavel almoço, porém, Olga - a filha - foi a que menos emitiu opiniões. Parecia uma coruja, nada falava, mas prestava uma atenção imensa. Ela o mirava sempre que respondia a pergunta de seus pais. Era como o estivesse estudando, nos minimos detalhes e decidindo a medida a se tomar no domingo a noite. Não se importou, sabia como encenar o papel do sujeito politicamente correto. Ma subitamente sentiu o pé de Mercedes tocar sua perna e acusou o golpe. Olga Imaculada, perguntou. O tempero está forte demais? Ele usou todas as suas forças para não fraquejar e soltou um lacônicos, absolutamente. Mercedes a sua frente, sorriu.

Na hora da sesta, a única a se manter acordada foi Olga - a filha - que se sentou na grande varanda com um livro, já metade lido, de Mario Vargas Llosa. Pedro sentou numa cadeira frontal a que Olga estava sentada e comentou, a titulo de puxar conversa: - Llosa é seu autor favorito? E ela sem tirar os olhos do que lia, concordou com a cabeça. Estava mais do que claro, que não queria ser interrompida. Mas algo nela o atraía e ele não se deu como satisfeito: Este é um bom romance, mas não melhor que a Cidade e os Cachorros e aquele que escreveu sobre a guerra dos Canudos. Ela sem tirar os olhos do que lia, comentou: são realmente dois dos melhores. La guerra del fin del mundo...

O que? Pedro perguntou, pois não tinha ouvido bem, devido o barulho da passagem de um trator. La guerra del fin del mundo, é o livro que descreve a guerra dos canudos. Complementou ela, agora pela primeira vez olhando para ele. Havia uma tenue chance de conversação, pensou Pedro.  Desculpe, mas o barulho do trator tirou a minha atenção. Este que você está lendo parece ser um dos livros mais espirituosos de Llosa. A moça em questão faz dele de gato e sapato.

Ela sorriu: e isto normalmente deixa os homens inquietos, pois, acham que são eles os inventores tanto do gato como do sapato. Ela o estava testando, o que já era um bom começo, pois, no inicio era uma mera carta descartada do baralho. Pedro sorriu e retrucou: nem tanto ao mar, nem tanto ao vento. Era hora de enveredar com uma nova conversação: Llosa, Garcia Marques e Jorge Amado, são os meus três autores favoritos entre os sul-americanos. Ela concordou com a cabeça, mas voltou ao que lia.

Sentindo-se sobrando. Pedro se pôs de pé e ao fazer menção de se retirar, ouviu atonito uma quase ordem de Olga: deixe eu terminar este capitulo e conversaremos. Sente-se por favor. Ele se sentou, procurando não demonstrar alegria com a iniciativa dela, se bem que ela nem se dignou a encará-lo e o mais importante de tudo, manteve-se calado.

Em menos de três minutos, ela fechou o livro e tirando os óculos, que tanto faziam de sua expressão, uma obra de arte, sorriu para ele, dizendo: para mim, Llosa é uma mistura de Faulkner e Flaubert. Tudo nele me inspira fantasia e realidade.
Pena que vocês brasileiros leem Llosa e Garcia Marques em português. Perde-se muito do teor dos pensamentos.

Ela não perdia uma única oportunidade de apedreja-lo. Se Maria Madalena estivesse à sua frente, certamente primeiro seria alvejada por Olga. Mas dizia seu avô que cavalo chucro e mulher maliciosa, tinha que se ter bridão curto. Hora de mandar a pedra de volta: Nada há de melhor escrito que The Sound and the Fury, mas perde-se bastante se não for lido em inglês. O mesmo deve ser dito em relação a Flaubert em francês...

Ela sorriu e não demonstrou ter acusado o golpe e prontamente perguntou: Você gostaria de cavalgar no final da tarde? Estava na cara que ela como campeã de equitação, gostaria de trazê-lo para o ambiente onde ela pudesse dominar e ele ser ridicularizado. Porém, antes que ele pudesse responder com uma desculpa esfarrapada qualquer, ela complementou de maneira suave, mas com uma nitida pitada de provocação: sei do lugar que melhor pode-se se assitir o por do so desta região

Dolores tinha provavelmente lhe contado uma conversa que haviam tido, entre as volupias de amor. Que diga-se de passagem foram muitas e sucessivas. Neste breve momento de calma, Pedro havia lhe dito, que nada mais o cativava no Rio de Janeiro que o por do sol, do fim do Leblon, visto da outra extremidade da praia, a pedra do Arpoador. Perdera-se em minutos decrevendo a sensação que aquilo lhe causava. Mas ele achava que era hora de jogar a isca no mar: quem disse a você que curto o por do sol? Mas ela não caiu na armadilha e respondeu: qual o arquiteto que se preza que não admira um por do sol? Escorregadia como uma pedra de sabão molhada, soltou um sorriso malicioso.

Elr queria aquela mulher a todo custo.

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Boludo, fazia juz a seu nome. Era um completo idiota, em forma equina que dormia quando andava. Um apalermado dominado pela letargia. Olga - a filha - ao notar o descontentamente de Pedro, para com a sua montaria, atalhou: ele é o mais manso que temos na cocheira. Você não tem cara de ser eximio na equitação. Só quiz ter certeza que chegarias ileso para ver o por do sol. O sorriso de Pedro foi amarelo, ainda mais que a bufante montaria de Olga, se chamava Lucifer.

Mas cada vez aquela mulher lhe interessava mais. Era escorregadia, letal, mas ele sabia que no fundo no fundo, poderia de alguma forma traze-la a normalidade, sem ter que enfrentá-la no campo por ela armado para uma batalha campal. Aliás, era aquele tipo de mulher que queria ser dominada, mas ditaria quando e onde. Era uma questão de tempo e ele um cara paciente

O por do sol foi um espetáculo bonito de se ver. E acompanhá-lo com Olga a seu lado, cresceu ainda mais a intensidade de seus sentimentos. Se Dolores havia lhe impressionado com sua beleza e sua maneira descontraída de fazer as coisa, Olga havia lhe arrebatado tudo. Do dedão do pé, a seu último fio de cabelo. O tomara de roldão. Pedro, não se importou com o fato de ter uma mulher no Rio de Janeiro, que se constituía em toda a sua base, emocional e financeira, e que sua passada por Buenos Aires seria passageira. Mais duas ou três semanas e pronto. Volta a realidade. Não lhe importava. Queria viver, como sempre viveu o momento, e Olga passou a ser o centro daquele seu momento. O resto que se danasse!

Passei no teste? Perguntou ele, tão logo Olga parou seu carro a frente do Plaza. Fora um Domingo agradável e a volta no carro alegre, pois, o relacionamento passara de belico para cerimonioso de ele tratou de manter as coisas amenas e na maioria das vezes, agradáveis.

Pedro tinha certeza que aquela mulher sabia exatamente o que queria, e ele estava em seu cardápio. Porém, como era bastante seletiva não era assunto a ser decidido em um primero, segundo nem num terceiro encontro. Mas com certeza teria um desfecho e ela trataria de lhe dizer como, quando e onde. Não era uma hortaliça...

Olhando fixamente em seus olhos, Olga, respondeu: sim, mais ainda não com louvor. O coração de Pedro veio quase até a boca, mas ele se conteve e se limitou a sorrir. Tudo naquela mulher o atraia. Do desaforo ao comentário cerimonioso. O simples desafio de conquista-la, fazia seu peito quase explodir. Haveria uma outra oportunidade, pensou ela, pois, uma luz apareceu no fundo daquele tunel. Seu foco estava inteiramente ligado a Olga, e ao sair do carro despediu-se como não tivesse sido abatido por aquela mulher fascinante. Subiu as escadas sem olhar para trás.

Ao passar pela portaria, ouviu seu nome e imediatamente olhou na direção da qual ele fora pronunciado. Era o mesmo concierge que havia conversado dias antes sobre futebol. Um fervoroso torcedor do Boca Juniors, que acreditava que Maradona havia sido melhor do que Pelé. Não lhe importava, pois, já conhecera até um que acreditava no juizo final...

Senhor Pedro Tavares, sua esposa o espera no salão de chá

De repente foi como um piano tivesse caido sobre sua cabeça.

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Adalgiza estava atônita. Em seus cinco anos de clinica, nunca ouvira um relato igual. Aliás da maneira como Pedro expunha, aquilo, com tanta naturalidade e desfaçatez, mais parecia uma confissão e ela não era um padre e Martha muito menos uma santa. Algo lhe dizia que aquilo não acabaria bem, mas sua curiosidade agora era gtande. Mais forte do que ela. Continue, Pedro.

Pedro não estava entendendo absolutamente nada. O que Martha estaria fazendo ali? Suspeitara de algo? Saudades não deveria ser. Desconfiança? Falta do que fazer? Todavia, antes de seguir em direção ao salão de chá, perguntou ao rapaz que lhe dera a noticia: Você sabe a que horas ela chegou? E a resposta veio imediata: a cerca de quinze minutos, no máximo vinte.

Era tudo muito estranho. Mas resolveu ir ao lado prático da questão. Vocês subiram com as suas malas? E o rapaz sorrindo de forma matreira, respondeu: ela veio sem malas...Parece que a Aerolineas Argentinas extraviou-as. Chegam amanha?

Aerolieneas Argentinas? Marta? Estava ai duas coisas que nçao cominavam. Martha sem as suas malas? Impossivel, era como pai de santo sem terreiro. Onde ia, fosse por um dia ou uma semana, seja para o Caribe ou para o Alasca, eram no minimo três malas e cada uma mais pesada que a outra. Mas tudo podia acontecer com a Aerpleneas Argentinas... Agradeceu e foi em direção ao salão de chá, já com a pulga atrás da orelha.

Seu susto foi amenizado, pois, algo de estranho estava acontecendo com o fato de Martha poder estar ali presente. Quem o esperava era Mercedes, a espevitada, já com uma diferente roupa do que trajava no almoço no haras. Sentiu ir do inferno ao purgatório. 

Pedro, tentou conter seu grau de estupefação: Mercedes, o que faz aqui?  Ela soltou uma gargalhada e perguntou: não vais sentar?

Pedro virá quando Olga Imaculada e Stefan haviam partido do haras minutos antes dele e Olga - a filha. Com o casal estava Mercedes. Para ela estar ali de roupa trocada, era por que seu pai tratava-se da reincarnação de Ronnie Peterson. Pelo jeito a velocidade corria nas veias de toda a familia. Mas isto era o que pouco importava no momento.

Mercedes, o que está fazendo aqui? Ela voltou a sorrir e desta vez perguntou: você enguliu um gravador? Mercedes, o que está fazendo aqui? Mercedes, o que está fazendo aqui? Não me parece um galanteador que levou Dolores para a cama e está fazendo tudo agora levar Olga. Quem será a próxima na lista? Minha mãe?  Vim logo me escrever para não ficar no final da fila. Pedro estava atônito. Não tinha palavras. Só uma certeza: era era a caça. O que aquele demoniozinho, em forma humana, estava querendo? Sentou-se mas algo dizia que não devia fazê-lo.

Nâo tivemos a oportunidade de nos conhecermos melhor no haras. Por isto resolvi passar aqui. não está feliz?

Sim, mas...

Você prefere conversar aqui ou em seu quarto? A pergunta deixou ele mais pasmo. Como era atrevida aquele pingo de gente. Mas sua resposta saiu imediata, como não pudesse ser contida: - Aqui.

Tem certeza? Ele concordou com a cabeça. Ela não se dey por vencida É talvez você tenha razão... O que vai tomar? O garçon a seu lado estava a espera para anotar o pedido. E Pedro, o queria ver longe dali. Ele Merecedes, enfim, quem quer que fosse: um cortadito.

O croassant daqui é divino. Disse o demônio. Acredito que seja, mas ainda estou com aquele almoço aqui no pescoço. Mas em que posso ajuda-la, Mercedes?

Parece que você não ficou muito satisfeito com a minha presença. Pensou que era quem? Sua esposa? Perguntou ela de forma maliciosa. Não sou casado, mas a última pessoa que poderia supor ver hoje a noite, seria você.

Você não é casado? Dolores nos contou tudo. Detalhe por detalhe. Da aliança, do encontro para pegar as malas e de como foi grande a noite que tiveram..

Pedro arregalou seus olhos O que ela queria dizr com nos contou? A quem Dolores contou mais? Sua mais? Ela riu. Evidentemente que não seu deficiente mental. Só a mim e a Olga.

Então Olga sabia que ele era casado... A encomenda estava melhor que a receita.

Mercedes não era do tipo de pessoa de guardar para si qualquer coisa. Ia direto ao assunto, sem meias palavras: decidi em fazer uma produção independente. Como não quero me casar e muito menos ter que um dia dividir a atenção de meu filho, com um pai, apenas biológico, achei que você seria a solução aos meus problemas. O candidato ideal.

A curiosidade tomou conta dele: e porque seria?

È bonito, jovem, fino, agradavel e o mais importante de tudo, mora em outro pais, é casado e parece não querer qualquer tipo de compromisso. O candidato ideal.

Ele estava pasmo. Seria aquilo um ninho de ninfomaniacas? Ou ela era uma tremenda de uma cretina? Estava com pinta de gigolo? Qualquer que fosse a situação, esta não lhe parecia confortável. Mas não seria ele a perder a linha: Mercedes, você sabe o que está dizendo?

Evidentemente que sim. Você é o candidato perfeito e eu não sou de se jogar fora. Meu pai fica bolando o dia todo o cruzamento ideal para sua éguas. Você é minha cruza perfeita! Já pensou que filho lindo que vamos ter? E não era mesmo, que seria uma beleza? Mas ela deu continuidade a sua idéia maluca, como estivesse tratando de um assunto corriqueiro: evidente que deveriamos nos conhecer melhor, mas como você disse que vai ficar aqui por mais duas semanas apenas, e meu período fértil deu seu inicio hoje, acho que a coisa tinha que ser aqui e agora.

Você já conversou com seus pais sobre isto? Ela fez uma cara de surpresa e perguntou: você acha que isto é coisa para se discutir com os pais. No Brasil pode ser, aqui, nunca.

O café de Pedro foi trazido e mesmo ainda na presença do garcon, ela perguntou com a maior naturalidade: vamos ou não vamos fazer este filho hoje a noite?

Ele deixou o garçon que arregara-la os olhos afastar-se e perguntou. E todos em sua casa saberão quem é o pai? Ela deu um sinal negativo com um movimento de cabeça. Ninguèm sequer suspeitará. Palavra de escoteira. E beijou por duas vezes seus dedos em forma de cruz.

Não era a idéia de Pedro se tornar pai, ainda tão jovem. Muito menos ir para a  cama com a segunda irmã de Olga. Outrossim, como a própria Mercedes deixara bastante claro, ela não era de se jogar fora, seu período fértil tivera seu inicio e ele não estaria aqui quando o mesmo voltasse. Pedro, engoliu de uma só vez seu cortaditoe chamou novamente o garçon pedindo pela conta

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Adalgiza ouvia tudo abismada, mas mantinha-se impassiva. Tinha horas que tinha que se conter para não rir. Ela pensava já ter ouvido de tudo. Naquele consultório, que agora mais parecia um confessionário, já passara gente que tivera relações sexuais com marcianos e até um profeta que afirmava ser o presidente Lula, a alma mais pura do universo.

Olhou para Martha que parecia pocessa, já que Pedro contava tudo com grande naturalidade. O que estava havendo ali? Perguntou a si mesma a psicologa. Era iverossimel demais para ser real, mas ela continuava curiosa, no que aquilo iria dar. Então voce manteve relações sexuais com Mercedes naquele Domingo?

No Domingo e na segunda, por exigência dela, como uma especie de garantia...Era melhor ir em frente ou ela não sabia do que Martha poderia fazer. Estava a pono de engolir o sofá: Pedro, continue, ms sem tantos detalhes...

A semana de Pedro transcorreu traquila e as reuniões que participou sobre o projeto da nova sede de uma empresa brasileira em Buenos Aires, foram altamente produtivas. Seu projeto havia sido aprovado e agora passaria as mãos da equipe de engenharia, uma semana antes do que inicialmente ele esperava. Sua missão na capital argentina estava finda, e no fundo de sua mente, algo dizia que para o bem de todos, principalmente o dele, estava na hora de levantar âncoras e voltar para a tranquilidade de sua existência. Mas não ter ouvido de Olga, o deixara triste. Inseguro. Mesmo sabedor agora que ela tinha conhecimento de seu estado de matrimonio. Todavia o que ele queria? Emplacar as três irmãs? 

Era quinta feira, e ela nem se dera ao trabalho de dizer um alô. Muitas coisas estavam passando sobre a sua cabeça. Será que a louca da Mercedes havia comentado com ela o seu projeto de produção independente? Duvidava, pois, esta fora uma das condições que impôs aquele demoniosinho, a de ninguém saber daquela aventura.  Mas quem podia confiar na descrição de uma mulher? Ela cinicamente telefonara para ele pela manhã, avisando que parara de ciclar, e terminou com um d+gelante, parabéns papai!

Marcou sua passagem para sábado, ciente que aquela era a melhor opção. Tinha uma vida equilibrada e nada parecia que poderia abala-la se ele assim não o desejasse. Mas a chamada que recebeu o fez duvidar: Pedro, Olga, podemos ir ao haras amanhã?  A surpresa do convite o deixou perplexo. Precisava alguns minutos para colocar de volta seus pés no chão: Na verdade estava pensando em voltar para Rio amanhã pela manhã. 

Evidentemente que não era esta, a resposta que ela esperava, e o silêncio que se seguiu foi atterador. Mas ele tentou manter a conversação. Haveria uma razão maior?

O tempo que Olga levou para responder era teoricamente normal, pois, ela era uma pessoa que raciocinava antes de dizer o que fosse, mas aquele tempo maior exercido por ela, naquela oportunidade, fez Pedro crer que realmente havia um algo maior e sua resposta apenas confirmou sua suspeita: Que tal o por do sol?

Caralho! Ela queria. Seus pais estarão lá? Perguntou temendo pela resposta que veio a seguir: não. estaremos sózinhos. Pedro tinha certeza ao desligar o telefone o que deveria ser feito para o bem de todos. Sua presença ali seria apenas mais um complicador. Havia pedido por alguns minutos para responder, mas sabia que o desafio o atraía mais do que a tranquilidade de evitar qualquer tipo de perigo.

Quando ainda na faculdade havia ouvido de algum personagem aquela celebre frase, mantenha os amigos perto, e os inimigos ainda mais perto. E na situação presente o perigo era o inimigo maior naquela especifica situação. Tinha cabeça, tronco e membros e ainda por cima atendia pelo nome de Olga. As previsões do tempo estavam sendo feitas na televisão e ele pode saber que sábado seria um dia de fortes chuvas em quase todo o território argentino. Principalmente na zona periférica de Buenos Aires. Logo, não haveria por do sol a ser visto. Ligou para a TAM e desmarcou sua passagem por tempo inderteminado.

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O sábado amanheceu com forte vento e rajadas de chuva em Buenos Aires. Tudo parecia ao avêsso, até o fato de Olga atrasar-se dez minutos: - Desculpe o atraso. Esta aqui a muito tempo? Pedro sorriu e com prazer complementou: estamos atrasados.

A chuva ia se intenssificando, quanto mais eles se afastavam da capital argentina. Pedro se contera desde que entrara no carro, mas aquilo era mais forte do que ele. Foi quando comentou: acho que não teremos um por do sol. A resposta foi seca e imediata: e quem está interessado num por de sol?

Do momento em que chegaram ao haras até o inicio daquela noite. Pedro e Olga só fizeram uma coisa: amar-se com tremenda intensidade. Recusaram o almoço bem como o chá, das cinco. Uma tradição que os ingleses implantaram naquele pais. Poucas foram as palavras ditas. Menor ainda as explicações trocadas e como era esperado, não houve por de sol. mas como diria Olga, que está interessado num por do sol?

Não havia mais ninguém no haras. Somento os dois e uma chuva intensa. A frente da lareira que fora acesa, por uma repentina queda de temperatura havia sido grande, envoltos em coberturas, Pedro e Olga, mantinham-se calados. Afinal, nada precisava ser dito. Mas ele quiz quebrar o silêncio. Era necessário que palavras viessem a ser trocadas: Desde ontem que o serviço de meteriologia anunciava chuvas fortes para a região? Você sabia?

Evidente. Eu também assisto televisão. Respondeu ela deixando um ligeiro sorriso brotar de seus lábios, antes dos mesmos encontrar a xicara que lhe mantinha o chá quente.

O que quer dizer, que tudo isto estava planejado? Ela sorriu e o encarando respondeu: Você acha que tudo isto aconteceu por um impeto momentaneo e impenssado? O que você acho que sou? Dolores, Mercedes... A simples menção do nome de Mercedes, o fez tremer. Será que ela estava ciente do que acontecera entre os dois? Não achou possivel. Por mais dura que Olga fosse, ela era ainda uma mulher, não uma máquina. E sobre a questão de ser casado? Nada ela comentara sobre o assunto.

Sabia que nunca há de se querer intensificar a fumaça, se a idéia e se manter escondida a fogueira. Mas aquilo era mais forte do que ele e mais uma vez se pos de peito aberto em frente a um possivel fogo cruzado: Porque você citou o nome de Mercedes? Ela levantou os olhos e sorrindo desafiou: Porque não poderia? Algum problema? Sua reação tinha que ser imediata: Porque eu realmente dormi com Dolores.

E não com Mercedes?

Ela suspeitava mas não tinha certeza, Era hora de assumir o papel do indignado em sua honra: O que você pensa que eu sou? Ela aumentou o grau de seu sorriso no rosto e complementou: um cara bonito, casado e que acha que pode conquistar o que quizer. Hora de voltar ao papel do galinha: Dolores não foi minha culpa. Ela é atraente e veio a mim. O que ela imediatamente contratacou: não foi o mesmo em relação a mim? Hora de bancar o ser apaixonado: Você me conquistou. É diferente.

Não teria exatamente sua certeza. E sua esposa, suspeita de suas aventuras E sorriu como tivesse dito a coisa mais racional possivel. Se aquele era o lado racional da familia, Pedro imaginou o que seria o lado irracional da mesma.

Hora de assumir a posição do macho ultrajado: Quer dizer que para você sou um homem objeto? Que sabia desde o inicio que eu era casado e mesmo assim resolveu ter um lance? Ela se levantou, deixando o cobertor correr por seu corpo nu e com aquele andar que Pedro já tinha gravado em sua mente, caminhou para as escadas que a levariam ao segundo andar e consequentemente aos quartos. No terceiro degrau, parou e olhando para ele, o convidou: Vamos tomar um banho... homem objeto?

Foi exatamente neste hora, que Martha não se conteve? cafageste. Aldalgiza, fazia uma força tremenda para mater seu lábio inferior, colado ao superior e não fazia a menor idéia de como Martha suportara toda aquela descrição feita por seu marido, até aquele momento. Pedro havia emplacado as três irmãs, num espaço de duas semanas, Coisa a ser publicada no livro dos recirdes, imaginem se resolvesse mudar definitivamente para Buenos Aires.

Ela conhecia Pedro. Sempre fora um galinha. Desde os tempos da faculdade. Poucas foram as que resisitram as suas investidas. E tinha cee´rteza que Martha sabia de todas as conquistas e fazia vista grossa e ouvidos de mercador, quando alertada para os fatos. Mas o que não podia creditar era a rapidez como que ele colecionava presas e porque Martha ainda não tinha pulado em seu pescoço.

Mas ai é que os problemas tiveram seu inicio...
Adalgiza encarou Pedro. Então tudo aqui que passara, até então, não haviam sido para ele, problemas? Já supunha o que seria para ele um real problema? Assassinatos? Abortos? Suicidios?

Desculpe Pedro, continue.

Ele respirou fundo e continuou: Transferi minha passagem para a semana seguinte, pois, Olga veio me visitar no hotel todas as noites, a partir daquela segunda feira. Em cada uma, me deixou ainda mais inseguro. embora ao contrário de Mercedes que tinha os cabelos longos e Dolores, que o tinha com reflexos, ela foi aceita pelo mesmo rapaz da concierge, aquele que acreditava que Maradona foi superior a Pele, como minha esposa.

Na Argentina a virilidade é vista ainda com mais enfase que no Brasil. O garanhão, merece todo os respeito dos demais.É um simbolo a ser seguido. E naquelas duas semanas, Pedro recebera o titulo de pastor chefe do rebanho, entre os membros da portaria. Era recebido sempre com sorrisos e mesuras especiais, da mesma forma que Olga nem precisava se aprensentar. Subia direto. Afinal, parecia ser a matriz principal do rebanho.

Na segunda, voltou ao escritório e inventou que talvez tivesse que fazer pequenas modificações no projeto original. Todos ficaram abismados com seu tremendo profissionalismo, afinal o projeto já fora aprovado e visto como perfeito para as necessidades da empresa. Porém, era a única maneira que Pedro encontrara para se manter em Buenos Aires, por mais uma semana, e não levantar maiores suspeitas na cabeça de Martha.

Martha suspeitava de alguma coisa? Perguntou Adalgiza, olhando agora fixamente para amiga. E esta simplesmente fez um aceno positivo com sua cabeça, mantendo-a baixa. Mas foi Pedro, que respondeu: Eu suspeitava que sim, principalmente quando combinamos dela me telefonar para o hotel antes das oito.

Olga chegava depois disto?

Desta vez foi ele que concordou com um aceno de cabeça. O silencio permaneceu por alguns segundos, quando então Pedro deu continuidade aquilo que agora parecia a parte mais sensível de  confissão: Martha sabe que em Buenos Aires tudo acontece a partir das dez. Antes das vinte horas, é ontem para os argentinos. E por duas vezes ela me ligou durante a semana mais tarde, e eu não respondi. Sempre justificava, no dia seguinte, que tinha ido me recolher cedo ou que estava no meio de um jantar de negócios.

Adalgiza, acreditou, pois, pela primeira vez, viu lágrimas nos olhos de Martha. Ouvir aquilo, provavelmente pela segunda vez, era duro demais para qualquer mulher, principalmente para uma que podia ser dar ao luxo de escolher o que quizesse.

A semana correu mais rapida do que esperava. Durante o dia, Pedro arrumava o que fazer. Até a Palermo compareceu parea assistir um par de corridas de cavalos. Conheceu lugares que antes não tinha visitado e contava os segundos para estar com Olga no hotel. Olga estava na faculdade e em época de exames finais. Desde cedo ela lhe deixara claro, que primeiro sempre seria sua profissão, segundo ele, se fizesse juz.

Obedeceu pois, se sentia apaixonado. Totalmente dominado pelos encantos de Olga. Todavia, o fim de semana se aproximava e ele sabia que não teria mais desculpas a dar a Martha. Teria que voltar. Foi quando um imprevisto veio a acontecer. Ligaram do escritório e disseram que a equipe de engenharia achara um problema na execução em um de seus detalhes. O que normalmente soaria para ele como um tremendo chute no saco, naquela oportunidade caiu como uma dádiva do céu. Marcou uma reunião para segunda feira, transferiu sua passagem e justificou-se junto a Martha.

Olga e ele foram para o haras no fim de semana, e lá permaneceram sózinhos. Na volta, a idéia era Olga ir direto com ele para o hotel, mas ela quase na última hora resolveu que passaria em casa e três horas depois o encontraria no hotel. Pedro se despediu dela e quando cruzou a portaria, sentiu que havia algo no ar. Encarou o fâ de Maradona e este lhe fez um sinal que precisavam conversar: Sua mulher está no quarto.

A de mechas ou a de cabelo comprido? Perguntou temendo pela resposta.

Ele parecia engasgado, porém teve forças para responder, sem contudo encara-lo nos olhos: esta é loura e veio com três malas.

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Ele tinha três horas para resolver o problema. Ou menos do que isto. No elevador foi criando uma maneira de levar em frente um plano que não desagradasse as duas partes. Só havia uma saída. Ele arriscaria na mesma, todas as suas fichas.

Sentiu Martha esquisita, mas tratou de ser o mais natural possível, abraçando-a no papel de marido apaixonado e saudoso. Poderia não colar, mas não havia outra saida: Porque não me avisou para eu ir busca-la no aeroporto? Ela ainda suspeita, deixou bastante claro que deveria ser uma surpresa, e na realidade o fora e quiz o destino de não se tratar de uma surpresa desastrosa.

Você está arrumada? Perguntou com certa ânsia.Sempre, porque?

Aquela era a primeria parte de seu plano: Quero a levar a um restaurante aqui que é a sua cara. Fui semana passada e jurei que um dia lhe traria a ele. Mas temos que ir agora, pois, depois das dez, já deve estar lotado de reservas. Aliás por isto lhe pedi para ligar sempre antes das oito. Nunca fui chegado a fazer reservas. Você sabe disto?

Manteve a mão no bolso, a maior parte do tempo para sua mulher não notar a falta de aliança e tratou de buscá-la logo que foi possivel,, - a aliança não a mulher - no bolso do colete.

No restaurante, pediu licença para ausentar-se da mesa e ir ao banheiro e deu duas telefonemas, uma para Olga, avisando que havia um imprevisto, pois, acharam um erro seu em um dos detalhes, e seu sócio na Argentina, pois, necessitava jantar com ele, para decidirem o que diriam no dia seguinte na reunião com o cliente. Pelo menos esta era a segunda parte de seu plano. Maõs a obra A seguir ligou para seu sócio Ramon Rodriguez e pediu para ele mandar um bilhete para o hotel marcando um outro restaurante onde estariam presentes: Ramon, isto não pode falhar, pois, é caso de vida ou morte. O bilhete tem que ser entregue ao Juan Manuel da concierge, e no envelope coloque instruções que vou lhe ditar. Juan Manuel, se a esposa de cabelo curto chegar, não a deixe subir e avise que estarei a esperando  por ela, no restaurante, e coloque o nome do restaurante que escolher. Entendido? E mande Juan manuel destruir as instruções e ficar de olho aberto, pois, minha vida depende dele e que será bem recompensado. 

E que lhe ligasse em dez minutos para dizer onde seria o encontro. Deixou claro para Ramon, reservar num restaurante, possivelmente o mais caro, que a conta era por conta dele. Sabia que Ramon era um glutão sovina e que se Olga por lá aparecesse, não suspeitaria de nada. Afinal, ninguém iria pagar uma conta astronomica, apenas para ludibriar a namorada.

Pedro, creio que isto não é caso de vida ou morte. É coisa que envolve mulher

O que na realidade, é para mim, a mesmissima coisa. Carinos.

Ele sabia que havia uma grande chance de Olga não acreditar e aparecer no hotel. Já a conhecia muito bem. Tinha que fazê-la crer na história pelo menos até o dia seguinte a tarde, onde colocaria Martha num avião, nem que para isto viajasse com ela, para o Brasil.

Na volta a mesa, fez o papel, do homem de negócios preocupado. Sentou-se e pegou o cardápio. Algum problema? Perguntou Martha assustada. Nada a se preocupar, apenas um dos detalhes do projeto não está funcionando.

Mas isto não é a razão do porque você aqui ficou para ter uma reunião amanhã?

Merda, esquecera-se deste fato. Mas teve tempo de engatar uma segunda: outro detalhe, Ramon vai me explicar ainda hoje.

Como hoje? Estranhou ela.

Ele já marcou um jantar comigo as dez e não tive como desmarcar. Coisa de gente chique, tem até multa pelo no show e o escambal Deixo você no hotel, me encontro com ele. Traçamos rapidamente uma estratégia e amanha, logo após a reunião voltamos para o Brasil.

Ela se espantou: Eu não gostaria de voltar amanhã para o Brasil, Pedro. Disse ela séria e com certeza do que estava falando.

Querida, se for o que eu estou pensando, só terei condição de refazer o detalhe, no escritório do Rio de Janeiro. É algo significativo. Disse ele chateado, fechando o cardápio e complementando: escolha algo que eu perdi meu apetite. Afinal não conseguiria jantar uma segunda vez, naquela noite.

Seu celular tocou. Ele pediu licensa e sem sair da mesa, atendeu: Fala Ramon. Ok, Latina sei exatamente onde é. Nos encontramos lá a que horas? Dez está bom para mim. Se atrasar vá bebendo por nós. Escolha um bom vinho. Não se esqueça de levar a planta. Obrigado, para você tambem. E virando-se para Martha, falou de forma seria: tudo combinado.  

Você deveria pedir algo. Vai sentir fome. Atalhou Martha com visivel preocupação, ao que ele respondeu ainda com aquela expressão de preocupação no semblante: se tiver fome como lá.

O restaurante da Villa Crespo, era sofisticado e bem caro, exatamente o que Pedro tinha em mente. 

Pedro, esta merda aqui é cara para caralho, mas a qualidade de degustação, a apresentação, a combinação de sabores de cada um dos pratos, e atenção dispensada é digna de um restaurante em Londres e Paris.

Isto quer dizer que você jã esteve por aqui? Perguntou Pedro, realmente impressionado com a escolha: Muito me surpreende, pois você sempre me disse que não gostava de gastar com restaurantes sofisticados.

Ramon sorriu. As duas vezes que aqui estive foram por convites. Não sou louco de encarar uma conta destas. Mas vamos ao que interessa. Aqui estão as plantas. Qual seria o plano?

Pedro sorriu: Iremos jantar, mas se uma moça morena pintar por aquela porta e vir a mim, temos que encenar ter aqui se encontrado para estudar um detalhe, que teremos que modificar até a manhã.

Posso saber de quem se trata? E esperou ansioso pela resposta. Se ela aparecer a conhecerá. Deixou claro Pedro, que evitaria até o fim, declarar quem quer que fosse. E continuou: mas tem o seguinte, se ela aparecer vamos discutir até o fechamento do restaurante sem achar um solução. Ai direi a ela que teremos que ir ao escritório e assim ela desiste pois, tem faculdade amanhã.

Pedro, é a primeira vez que o vejo recusar uma mulher. O que está acontecendo? Pedro, estava enrrascado até as tampas, pensou Ramon, mas a resposta que ouviu a seguir, esclareceu a ele, todas as duvidas que ainda pudessem existir: Martha apareceu e esta a minha espera no quarto. Isto responde a sua pergunta

Fazendo uma careta, Ramon concordou com a cabeça. A situação era mesmo periclitante para ambos, pois, era do dinheiro do pai de Martha que as despesas maiores do escritório, tinham como garantia. E o marketing que tinham adotado era dispendioso: vamos torcer para que o tal do Juan Manuel da concierge, detenha esta zinha, antes dela subir para o quarto, se realmente ela der as caras.

Sem saber, Ramon o havia irritado. Como poderia achar que colocaria seu futuro em risco com uma aventura com uma zinha qualquer: Ramon, primeiro que este Juan Manuel é safo e sabe que só tem a lucrar se a coisa funcionar. Segundo, que conhecendo esta menina como a conheço, ela vai dar as caras no hotel. Sempre foi suspeitosa a meu respeito, já que a conheci por que comi uma sua irmã. Na verdade duas, mas isto não vem ao caso, pois, ela só sabe de um caso. E dando uma parada para que melhor fosse compreendido, para um Ramon que estava com os olhos arregalados, completou: terceiro que não se trata de uma zinha. É uma mulher por quem sempre esperei um dia encontrar.

Ramon estava sem palavras. O maluco tinha comido três irmãs e só descobriu a mulher de sua vida, na terceira. Estaria agora usando o método do teste drive? E ele que não comia ninguém, e ainda tinha a sua mulher, uma tanajura, no seu pé todo o momento, fora quase preso por tentar cantar uma vizinha: É, parece que a situação não é simples.

O telefone de Ramon tocou. Devia ser sua mulher, pensou Pedro. Mas não era: Ele mesmo. Certo...certo...a quantos minutos ... você tem certeza... 
ok, Pedro conversará com você quando voltar ao hotel.

Desligou a seguir: Ramon era o Juan Manuel? O amigo ascendeu com a cabeça, já iniciando a degustação do primeiro prato, que pela forma que se portava, devia estar a seu gosto: Você pode me dizer o que aconteceu? Ele sorriu: está uma beleza. Perfeito. Como a cara de Pedro se mantinha de poucos amigos, achou por bem, dar o recado: ela acaba de sair de lá, e o Juan Manuel que ela está a caminho daqui. Graças a Deus que a coisa funcionara. Olhou para o amigo que parecia embevecido pelo que degustava e lembrou: vamos abrir as plantas. Ramon sorriu: relaxa cara, de lá até aqui é no minimo 15 minutos

Ela estará aqui em menos de 10 minutos.

Ramon não se impressionou: nem Fangio o conseguiria

Acredite em mim, ela conseguirá. E uma prgunta, você anexou seu telefone nas instruções para o Juan Manuel? Ramon simplesmente agradeceu com os braços abertos como estivesse sendo ovacionado: Eu também dou os meus pulinhos de cerca...

Em oito minutos, Olga deu entrada no restaurante.

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O telefone soou a frente de Juan Manuel: Concierge. Olhou em seu monitor. Era a esposa loura das três malas.

Voces tem um serviço de taxis que me possa levar a um restaurante chamado Latino?

Juan Manuel arregalou seus olhos. Como poderia fazer? O Plaza tinha o serviço, não poderia negar, e ai a esposa do cabelo curto seria surpreendida pela esposa loura com as três malas: sim senhora, mas não creio que a estas horas, eles não aceitem mais reservas

Meu marido está lá. Estou descendo.

Estamos sem carros disponiveis agora. Em 20 minutos... Ela deligara.

Ele tinha que ganhar um tempo. Carajo! ele triturara as instruções, onde estava o telefone do amigo do garanhão, como lhe fora instruído.

Por favor senhora, acho melhor a senhora esperar no minimo 10 minutos, que é o tempo que necessito para ter o carro a sua disposição, aqui na frente do hotel.

Tenho medo de não o encontrar mais no restaurante. Não haveria a chance de se arrumar outro carro. Nem que seja um taxi normal?

Ele pensou alguns segundos e usou a única alternativa que poderia freiar uma mulher: Buenos Aires há muito deixou de ser uma cidade segura a noite. Não me sentiria seguro de lhe colocar em uma viatura que não fosse do hotel. Se a senhora tem medo de desencontrar, ligue para seu marido.

Quero lhe fazer uma surpresa.

Certamente seria uma surpresa...: em dez a quinze minutos pode descer que o carro estará a sua espera. Mas ele tinha que garantir que ela não pegasse um taxi, para não desencontrar de seu marido: Vou tentar me contactar com o restaurante para ter certeza que seu marido está lá. Por favor. não saia antes da senhora chegar. O farei isto sem avisar que a senhora está a caminho. Apenas atrasando a impressão da conta.

Por favor, faça isto: Disse ela desligando a seguir.

Juan Manuel correu a frente do hotel e chamou Dimas, um dos motoristas que dirigiam os carros do hotel. Era brasileiro e entenderia imediatamente a situação. O negro, riu com a rápida apresentação do problema feita por Juan Manuel, mas nem tanto com o pedido final: Faça o caminho mais longo e não chegue no Latina em menos de 30 minutos. O negro arregalou aqueles seus imensos olhos igualmente negros. Mas só se furar um pneu!

Então fure o pneu, se necessário for. Só não me apareça no Latina com esta mulher.

Agora era conseguir o telefone do amigo do garanhão que fora escrito nas instruções, mas que ele obedecendo ordens despedaçara. Correu para a sua lata de lixo e tratou de juntar os pedacinhos que pudessem ser juntados. 

Estava entretido, tentando decifrar o telefone, naqueles pedaços de papel e quase não notou que a loura das três malas estava â sua frente. Haviam se passado dez minutos. Em que posso servi-la? Perguntou ele, fingindo não saber de quem se tratava.

O carro que pedi, já está na porta

Acredito que sim, deixe-me constatar. E como num pace mágico, estacionou a entrada do Plaza, onde Dimas,esperava em seu interior.

De volta a seu ponto de origem, perguntou, como se aquilo fosse um assunto delicado: a senhora tem algum problema de ir com um motorista negro? Ele é brasileiro e da nossa total confiança.

Não me importa se ele é negro, budista ou Flamengo, quero apenas saber onde está o carro que devo pegar? Juan Manuel a levou, sem mais delongas, ao mesmo, abrindo e fechando a porta.

De volta ao lobby do hotel, Juan Manuel correu em direção ao check in, onde pediu a seu colega de trabalho, se na ficha do senhor Pedro Tavares, havia a informação de um número telefonico que pudesse se utilizar. Havia. Era de um celular brasileiro. Ligou e a loura das três malas atendeu. Era o dela que constava na ficha de reserva.Dios mio, o garanhão estava perdido.

Queria apenas saber da senhora se está satisfeita? Foi a única coisa que lhe veio a mente de perguntar. Nenhum problema nestes dois primeiros quarteirões. Vais me ligar nos próximos? Ela pelo menos tinha espirito esportivo, Juan Manuel só não podia precisar até quando.

Sem outra alternativa Juan Manuel, ligou para o telefone de Dimas e ordenou; fure o pneu.

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Diz o velho dito popular que Deus ajuda a todo aquele que merece. Pedro hoje tinha certeza que Deus era magnanimo, pois, ajudara na véspera a ele, que realmente não merecia. Deus e São Juan Manuel, que levou um vultuoso bonus de natal em pleno outono.

A aeromoça trouxe os drinks que para ele e Martha. Haviam decolado de Ezeiza a poucos minutos e Pedro se sentia aliviado. Triste por abandonar Olga, naquelas condições, mas em contrapartida feliz, por ter mantido Martha. Ela era ainda era o leme de sua embarcação. 

Assutara-se ao ver Juan Manuel entrar no Latina sem seu uniforme. Viu’o sentar numa mesa próxima e quando este lhe acenou para um encontro no banheiro. Ciente da situação é que um pneu furado lhe salvara o pescoço, pelos próximos 15 minutos, do banheiro mesmo ligara para Ramon, lhe passando instruções do que havia ser feito. Foi simples,Pedro quando voltou a mesa foi oficialmente certificado da nova posição. Pediu desculpas a Olga, a levou até seu carro, dois minutos antes que Martha decesse à frente do restaurante

Pedro era um cara de poucas horas de sono. Seis no máximo. Martha ao contrário era boa de cama, dormia um minimo de nove horas. Assim cedo pela manhã, ele se levantou, colocou uma roupa de ginastica e desceu. Do lobby ligou para Olga e disse que teria que voltar imediatamente para o Brasil, pois, sem o apoio da equipe do Rio de Janeiro, seria impossivel consertar o problema.

Olga tinha faculdade e não poderia sequer o levar ao aeroporto, o que ambos lamentaram. Mas a promessa que na semana seguinte estaria de volta, a deixou feliiz.

Que pena que não pudemos passar uns dias em Buenos Aires, Pedro, mas sinto por este problema de projeto que você e Ramon, tiveram. O que não deixava de ser verdade, mas foi facilmente sanado na reunião que haviam levado a efeito naquela manha. Mas Pedro concordou com a cabeça: ossos do oficio, o importante é que conseguimos sanar a coisa ainda a tempo. E você o que fez pela manhã? A pergunta não tinha para ele nenhum significado, mas pelo menos manteria a conversação.

Fechei as malas e antes de fazer o check out, que aliás já tinha sido feito por você, sem ter me avisado, fui tomar café. Ele sorriu e então perguntou: Pena que não pudemos nem tomar café no Plaza, que um dos pontos alto do hotel. E por experiência própria sei o que é tomar café sózinho...

Pena menos, mas tive compania.

Compania?

Sim uma moça muito simpática que sentou a mesa ao lado e puxou conversa.

Brasileira?

Não argentina. 

Os fios de cabelo do pescoço de Pedro se erissaram. Mas ele procurou demonstrar tranquilidade e que nao estava aparentemente, nem um pouco interessado, na identidade daquela moça.

E sobre o que conversaram? Perguntou ele sorvendo seu vinho.

Infidelidade conjugais.

Pedro quase engasgou. O que houve querido? Quer ajuda? Ele tentou disfarçar e apenas disse: não obrigado, foi o vinho que desceu pelo canal errado. Quem seria a moça em questão? Pensou numa forma de interessar-se sem se interessar, usando uma pergunta bem humorada: E a que conclusão chegaram?

Que você homens são todos iguais.

Pedro engoliu em seco. Não teria mais condições de se manter calmo se não dissipasse imediatamente aquela dúvida: e esta moça tem um nome?

Sim, mas não me lembro. Sei apenas que estuda psicologia e que foi campeã de equitação.

Pedro sentiu que um piano caira do décimo andar sobre sua cabeça. Só podia ser Olga. Ela de alguma forma desconfiara e estava jogando verde para colher maduro.

E vocês trocaram telefones? Pedro perguntou, mas de uma forma despreocupada, que parecesse a Martha, que perguntara por perguntar.

Não só telefones como endereços, pois, por estas grandes coincidências da vida, a irmã cacula dela vem este fim de semana para o Rio de Janeiro e eu a convidei a ficar conosco. Você não se importa, não querido?

Adalgiza ouvia com atenção tudo e na realidade nem ela conseguiu conter sua curiosidade, Sem sentir, não conteve sua curiosidade: Era Olga

Os dois concordaram simultaneamente com a cabeça. Sua pergunta foi constrangedora a Martha, mas Adalgiza, não aguentava mais de curiosidade, para descobrir o desfecho de toda aquela situação que lhe parecia, no minimo, piracotécnica. Pedro era mesmo uma galinha, e Martha uma corna passiva.

Mas foi a própria Martha que complementou com um ar de indignação: foi a tal de Mercedes que em minha casa, sentada em meu sofá disse com a maior desfasatez que Pedro era filho da criança que iria parir. E foi ainda mais longe. Poderia aquela pouca vergonha ir mais longe? Pensou Adalgiza, e logo a seguir descobriu que podia? Ela extrevasando de felicidade, disse a este traste, que achava que estava grávida da primeira tentativa, e não da segunda. Logo foi premeditando por ambos! Sem sentir Adalgiza transferiu seu olhar para Pedro, que se mantinha calado, e como o olhar dela era inquisitivo, obteve dele uma confirmação com um aceno de cabeça.

Então Mercedes ralmente conseguiu o que queria. Fazer uma produção independente? Perguntou Adalgiza, dando vazão aos pensamentos que agora passavam por sua cabeça. Não tão independente, e muito menos solitária, pois, segunda ela, sua irmã Dolores, estava grávida também, E adivinhe de quem? 

Caralho ! Foi o que escapou dos lábios de Adalgiza, mas imediatamente ela pediu desculpas. Caralho, sim... ambas foram engravidadas pelo mesmo caralho, deste traste que está aqui conosco. E isto é apenas o começo da história...

Ouve mais? Adalgiza não podia crer.

Sim um mes depois, a tal que me procurara no hotel, a Olga, me telefonou e se disse igualmente grávida de Pedro. Uma para este traste era pouco, duas bom, e três demais para mim.

O silêncio reinante naquela sala, pareceu eterno. Martha chorava, Adalgiza encarava Pedro sangrando nos olhos e este se mantinha calado, que aliás era a única coisa plauzível de ser feita, dada aquela situação.

Pedro só não entendia, porque Adalgiza o estava recriminando tanto. Afinal eles pularam a cerca de Martha, não foi uma nem duas vezes. Foram várias. Era um caso de anos. E agora a psicologa dava aquela de intelectual, exigindo aquilo pela qual ele não fora criado para dar, fidelidade. Sua vontade foi de levantar e jogar tudo para o alto. Se não já houvesse sido jogado.

Pedro, na faculdade formamos um trio. Enfrentamos muitas coisas e na grande maioria das vezes, vencemos juntos e eu sempre me vi como uma pessoa que pensava muito antes de falar, Martha, agia impulsivamente antes de pensar e você era uma coisa bonita que nunca pensou. Só uma lobotomia o faria transformar-se em algo útil. Pelo andar da carruagem, acredito que uma lobotomia tenha sido feita, pois, seu ardil e sua vivacidade aguçaram-se. Mas as intenções permaneceram as mesmas

Pedro estava de saco cheio de ser enxovalha-do por aquelas duas que deviam dar graças a Deus de tê-lo ainda por perto. E foi enfático: neste caso, você me conhece muito bem. Mas a gente sabe muito bem, que a coisa não parou por ai.

Martha de repente parou de dar vazão as suas lágrimas, pois algo lhe havia chamado a atenção. Afinal o que Pedro queria dizer com aquela a coisa não parou por aí. Olhou para Adalgiza, e notou que a mesma estava por mais constrangida. Será que os dois...?

Giza, você e o Pedro tiveram algo?

Adalgiza, que já estava com sua paciência no limite, achou que o melhor era colocar tudos em pratos limpos de uma vez por todas. A merda estava no ventilador e nada mais poderia ser feito para evitar a grande cagada.

Sim Martha. Eu e o seu marido querido, estamos tendo um caso há anos. Melhor precisando, desde que vocês voltaram da lua de mel no Tahiti. E este traste, é o pai do Juquinha.

Desta vez foi Pedro que demonstrou total estupefação: e você, sua beata de meia tijela, nunca me contou nada? Que eu era pai do Juquinha, seu filho? Você me disse que o pai era outro. Adalgiza enfureceu-se: e o que aconteceria de diferente se eu houvesse contado? Você assumiria a paternidade, seu merda!

Espera ai, vocês vão discutir agora a paternidade do Juquinha, aqui na minha frente, como eu fosse uma coluna de mármore? Um caso de anos, embaixo de meu nariz... todo este tempo... e eu que fui escolhida para ser madrinha do filho bastardo de meu marido, com minha melhor amiga? Isto é justo? Adalgiza estava com Martha pelo gargalo. Era a hora daquela riquinha cheia de mimos, conhecer a história do Brasil. Não Martha, nada é justo, mas por favor não se faça de virgem imaculada, pois, sei muito bem de suas puladas de cerca...

Adalgiza, estou ouvindo de você que sou corno? Perguntou Pedro indignado em sua honra. Olhou para Martha. Como aquela vadia tivera coragem de traí-lo, se nunca lhe faltou nada dentro e fora da cama?

Adalgiza, você é uma puta! Bramiu Martha. E você o que é? Perguntou Pedro. Santa Rita de Cassia?

Puta ??? Pedro pergunte a esta santinha de pau oco, quem é a Marthinha do baixo Leblon. Pela noite estremada mulher, durante o dia uma dadeira de marca maior. Até para o porteiro de seu prédio deu.

O Antenor? Perguntou ele ferido em seu orgulho. Mas logo o Antenor que é careca?

Giza, você acaba de quebrar um sigilo profissional. Lembrou Martha que parecia estar pronta para pular no pescoço de sua amiga, e psicologa. Querida, seus casos de infedelidade são de dominio publico, apenas este corno idiota ai a seu lado, nunca descobriu que você é uma ninfomaniaca.

Ninfomaniaca? Indignou-se Pedro. Fazia uma verdadeira drama. Só papai com mamãe. E com os outros era uma ninfomaniaca. Vou entrar com um pedido de divórcio. Martha pulou do sofá e com o dedo em riste embraveceu: Não antes de mim. Nosso advogado na verdade é somente meu advogado, e garanto que você não sairá nem com as calças do corpo.
E quem vai assumir a paternidade do Juquinha e das três pobres crianças que vão nascer de um trifecta que este canalha fez numa familia inteira argentina? 


Os três se entreolharam. A cortina finalmente fora fechada com aquelas confissões.