Estavam todos os nove, presos no elevador de um hotel de luxo em Recife, há poucos minutos do início de mais um jogo da Copa. Um casal brasileiro, dois maranhenses, um japonês que escapou centimetros de ser um anão, um árabe, um norte-americano, um executivo paulista e uma aeromoça portuguesa.
Orozimbo, um dos que estavam no elevador, nunca fora um ser abonado pela sorte. Mas tinha senso e sabia exatamente quem era o responsável por aquele terrível odor que rapidamente expalhara-se pelo apertado elevador.
O peido saíra sem som e pegara a todos traiçoeiramente. Peido sem som é que nem torpedo de submarino, explode com tudo quando menos se espera. Pouco a pouco foi tomando o nariz de cada um com aquele aca própria das flatulências contidas. Imediatamente um misto de pânico e desespero tomou conta de todos. Cada um começou a suspeitar do seu vizinho. Olhares foram trocados, mas ninguém tivera a coragem de acusar ao próximo. Sem som, não há culpado.
- What is that? – perguntou indignado o norte-americano com aquela total falta de respeito humano emitida por um dos passageiros do elevador.
- O porco - exclamou o árabe de dedo em riste.
Peidar num elevador cheio, enguiçado, num calor infernal e com uma circulação de ar precária, era um atentado a integridade física. Merecia no mínimo denúncia. E assim Orozimbo não teve a menor complacência. Olhou para o acuado rabino, corroborando a denúncia do árabe.
- Trata-se de um peido clerical - comentou entre dentes Orozimbo.
- What? (O que?)
- Was him. (Foi ele).
O árabe saciou a curiosidade norte-americana, apontando diretamente para o rabino que agora suava e tinha a face roxa.
- O que este cara comeu? Um urubu? - perguntou o executivo, que por estar agachado, tinha suas narinas mais próximas da área de produção daqueles gases mortíferos.
- Com peidos como estes, o Arafat não agüenta mais do que quinze minutos na Palestina - deixou claro o maranhense, rindo a seguir para sua esposa.
- Lá eles usam gases piores que estes contra nós - enunciou o árabe que espumava de raiva e deixando antever que seu hálito não era muito melhor do que os gases expelidos pelo rabino.
Orozimbo estava vendo a hora que o árabe iria partir para cima do rabino e o gringo iria achar um jeito de telefonar para seu advogado para abrir um processo contra o peidão. Mas foi o executivo paulista que tomou a iniciativa.
- Peidar não! Ô de Israel!
Fora uma súplica exasperada, cheia de irritação, embasada em protesto e regada ao fato dele estar possesso por não ter podido completar a sua ligação.
- Chelo luim…luim! Pum! Pum! - esperneou o japonês com os dedos espremido suas narinas.
- Non lo posso crer… solo en Brasil… - demonstrou desagravo o argentino que estava de terno e gravata, como todo habitante de Buenos Aires.
- O gajo precisa de um copo d’água - exclamou a hospedeira se esquecendo do fato que ela não tinha uma cozinha à sua disposição no fundo do elevador como possuía no avião.
- Eu sabia, eu sabia. Tudo culpa sua! - reclamou Cristina, apertando ainda mais o braço de Orozimbo.
O rabino se manteve calado em total estado de enrustição, mas sabia que se desse outro daqueles cheirosos, iria sair por aquele pequeno orifício.
- O Ariel Sharon deve estar pensando no muro das lamentações - comentou mal humorado o árabe -
Mas se der outro peido eu te faço passar por este buraco - completou a seguir.
O executivo de volta a seus pés, havia desistindo de completar a sua ligação. E agora tinha seu nariz na altura da boca do árabe e o fogo cruzado de odores o deixou tonto por alguns segundos.
- Mas que merda é esta? - tonitruou demonstrando total impaciência e quase inconciência.
Mas alguém estava se aproximando e isto atraíra a atenção de todos. Era um empregado do hotel, acompanhado de outro que trazia um ventilador e um rádio de pilha as mãos.
- Todos ai? - perguntou o beócio.
- Não. Dois saíram para ir ao banheiro, mas voltam já, - respondeu Orozimbo, cutucado por Cristina, que mais uma vez o lembrou que a culpa era toda sua de estarem na situação em que se encontravam.
- Ao em vez de ficar a dizer gracinhas para o pobre do rapaz que está tentando nos ajudar, devia se lembrar que poderíamos ter descido pela escada e não estaríamos neste sufoco. Tudo culpa sua.
- Aqui estão o ventilador e o radinho. O técnico já deve estar a caminho... Mas que cheiro é este?
- A merda do judeu peidou - vociferou o árabe.
Mas Orozimbo não se preocupou com o fato. Havia algo mais perigoso solto no ar do que aqueles bacilos fecais. Era aquele “deve” do ajudante. Conhecedor como era da indolência nordestina, Orozimbo pressentiu que aquele deve poderia ser mortal. Para sempre. Talvez segunda-feira…
Domingo. Dia de jogo do Brasil na Copa. Soou qual uma sentença de morte para o Orozimbo que parecia ser o único entre os aprisionados a conhecer o psique do nordestino. Dormia com uma há 25 anos. Aquilo iria ser pior que uma tortura. O “deve” era normalmente sinônimo de “esquece negão, você sifu”.
O executivo esbravejou a todo pulmão.
- Se este seu ‘deve’ for mais de dez minutos eu vou arrumar um barraco neste hotel que vocês nunca irão esquecer. Tenho compromissos e não posso sequer usar meu celular. Vocês sabem quanto isto pode me custar?
- Que emissora vocês querem ouvir? - perguntou um dos prestativos empregados sem se importar com as ameaças do jovem executivo.
- O jogo do Brasil é claro! – exclamou o maranhense.
- Mas é que existem varias emissoras…
- Coloca qualquer uma, cabra da peste - ordenou a nortista apenas para acelerar o processo.
Os dois empregados do hotel não tardaram a desaparecer da presença daqueles pobres dez coitados em cativeiro gasoso. Provavelmente haviam corrido para assistir o jogo na televisão. Imediatamente a voz do locutor foi ouvida. O Brasil acabara de perder um gol. Orozimbo suou frio.
- Estar preso aun así tener que oír el Brasil jugar.
- Que mala este cara! Até quando o Brasil vai deixar estes flagelados virem para cá? Olha aqui o meu.
Cala a porra da boca ou eu não respondo por mim. - era o executivo perdendo efetivamente sua paciência e demonstrando estar louco para executar o Gardel ali mesmo. Para bem de todos e felicidade geral dos presente, o argentino mais uma vez afinou. Ele afinou e o Orozimbo cresceu.
- E você tem sorte que só entrou no 5th andar. Estou agüentando este paletó desde o décimo nono. O cara não é uma mala. É uma bagagem inteira!
- Não vá me criar mais encrenca. Estamos aqui por sua única e exclusiva culpa. Nunca me ouve e depois sou eu que tenho que pagar pelas suas cagadas. Você não aprende nunca - lembrou Cristina o cutucando mais uma vez a altura das costelas.
Orozimbo detestava aquelas cutucadas. Ser pé frio já era dose. Mas ser lembrado diariamente do fato por intermédio de catucadas era demais.
- Why they did not come yet? I have a plane to catch. (Porque não vieram ainda. Eu tenho um avião para pegar)
- Because brazilians are complet idiots. (Porque brasileiros são uns completos idiotas)” - provocou o argentino.
- Olha aqui o Maradona. Na tua terra, já teriam roubado o elevador para pagar a divida externa. Logo, cale a boca, escute o jogo antes que eu lhe faça sair por esta frestinha.
Até a hospedeira da TAP havia concordado com o executivo paulista. O Gardel já estava passando dos limites. Orozimbo concordava. Ele e o rabino peidão estavam na marca do pênalti. E ademais o executivo era uma porta. 2,20 por 90, cercado de músculos por todos os lados. Com estas dimensões e características, ele tinha não só direito a opinião, como pleno apoio de quem quer que seja. Pelo menos ele o tinha do Orozimbo.
E o radiozinho colocado piedosamente por um dos funcionários do hotel avisou pela primeira vez que o Brasil já ganhava de dois a zero.
- Já está dois a zero. Gols de quem?
- Não interessa de quem. Fizemos dois e isto é que interessa! - retrucou Orozimbo sorrindo para o casal maranhense, porém temeroso que agora que estava ouvindo o jogo, a coisa engrossasse.
- China luim, luim. Blasil gana de 10 a zero.
Aquele ruidosinho típico do peido contido mas não retido pode ser ouvido vindo da área aonde se encontrava o rabino. Veio fininho que nem a turbina de um avião quando colocada em movimento. E o odor não tardou a tomar as narinas apertadas, mas ainda presentes a aquele elevador.
- Outro peido não! - exclamou o maranhense.
- O Sharon se segura - ordenou o Orozimbo.
- Mas um e te arranco estas meleixas - avisou o árabe em forma de ultimato, já babando de desejo.
E para culminar a China quase marca.
- Orozimbo, eu acho melhor pedir para desligar este rádio.
- Se segura amorzinho, pois aqui ninguém sabe...
- Sabe o que? - perguntou o executivo curioso com toda aquela preocupação da esposa do vara pau.
Orozimbo gelou dentro de suas veias, pois, conhecia sua esposa, que respondia antes e pensava depois. Mas Cristina, pela primeira vez, conteve-se. Nada adiantaria todos ali saberem que tudo que estava acontecendo era culpa única e exclusiva de seu marido, um azarado de caderneta.
O executivo estava possesso. Suava e a brilhantina que anteriormente domesticava à força os fios rebeldes da vasta cabeleira, não conseguia mais fazer o efeito esperado. O argentino, expremido contra a parede do elevador borrifava saliva para todos os lados. O árabe, possuidor da argúcia de olhos farejadores, acostumados as altas temperaturas do deserto, mostrava-se pronto para atacar. Orozimbo pode prever que em breve as víceras do judeu estariam aparentes, viscosas e putrefatas aos olhos de todos. Mas foi o executivo sulista que advertiu a todos.
- Se vocês dois tentarem transformar este elevador num campo de batalha Palestino, não respondo por mim - e olhando fixamente para ambos, deixou claro que não estava brincando - Se você peidar e você abrir mais uma vez esta sua boca fétida, vou começar a distribuir porrada a torta e a direita. Entenderam?
A poeira pouco a pouco voltou ao chão.
- Alguém ai fora sabe quem fez os gols do Brasil? - perguntou de forma suplicante a maranhense.
- Precisamos sim urgentemente são de máscaras de oxigênio. Alguém tem uma mascara de oxigênio? - suplicou Cristina que tinha certamente o mais apurado olfato entre os presentes e estava apavorada que aquele odores a pudessem contaminar.
Mas a curiosidade da maranhense tinha que ser sanada o mais rápido possível, caso contrario viraria agulha de vitrola emperrada.
- Alguém ai fora sabe quem fez os gols do Brasil?
Nenhuma resposta.
- Alguém ai fora sabe quem fez os gols do Brasil?
- O Maranhão, por favor mude o disco - reclamou o executivo.
- Es lo momento propicio para hacerle frente a los acontecimientos.
- E o que você quer que façamos, o argentino de merda? - perguntou o executivo – Você quer que iremos invadir as Falklands, para levar aquela sova que vocês levaram dos britânicos? Que cantemos o hino argentino, para ver se esta porra despenca de vez que nem o Peso?
- Alguém ai fora sabe quem fez os gols do Brasil?
A agulha da vitrola realmente emperrara, mas graças a Deus, desta vez alguém a ouviu.
- Roberto Carlos de falta e Rivaldo de cabeça.
A voz era do mecânico do elevador que acabara de chegar.
- E como estamos jogando? - voltou ela a perguntar enquanto seu marido pedia para calar-se.
- Não sei madame. Estava dando show até me chamarem para consertar esta geringônça. mas que cheiro é este? Alguém morreu?
- Teria sido melhor nós termos ficado em São Luiz. Lá não tem elevador e a gente estaria vendo o jogo pela televisão.
O mecânico deixou claro sua abalizada opinião futebolística para quem quisesse ouvir.
- Estamos jogando uma bola da gota. Os chineses não existem. Como todos estão ai?
- Peidando. Se vocês não tirarem a gente daqui rápido este judeu vai sufocar a todos aqui. -era desta feita o executivo sulista que pingava dentro de sua gravata já desabrochada.
Orozimbo notou mais um detalhe: executivo paulista sem poder usar seu celular e com a gravata desabrochada, não funcionava 100%.
- Se aquietem. Não se avexem não, que vai demorar um pouco.
Aquele um pouco é que tirou novamente o Orozimbo do sério. Ele sabia muito bem o que representava um pouco num fim de semana com um jogo do Brasil rolando na Copa. Seria no mínimo uma eternidade.
- Se preocupem, não. Estamos fazendo todo o possível. Se assentem, escutem o jogo e se preocupem não. Volto já.
Ele tinha ido para sempre, pensou Orozimbo.
Aos 41minutos, Ronaldo recebeu um cruzamento dentro da área e cabeceou por sobre o gol. Raspando a trave como diria o locutor. Aliás, as bolas sempre raspavam a trave quando ouvidas pelo rádio. E principalmente quando o Orozimbo estava na escuta.
- No mínimo passou a dois palmos - comentou o doce maranhense para a sua esposa, que só conseguia ficar emudecida em situações como aquelas.
Mas faltando dois minutos para o encerramento da primeira etapa o Brasil marcou o terceiro. A dupla Ro-Ro tabelou e o "Fenômeno" foi derrubado na área: Pênalti.
- Ninguém pula se for gol! - advertiu o executivo e completou antes que a penalidade viesse a ser convertida. - Não pulem que esta porra despenca de uma só vez. Estamos em Pernambuco, lembrem-se!
Cristina apertou o braço do marido em pânico. Só faltava perderem o penalty. Rezou a todos os seus santos, para perdoarem o fato de seu marido estar escutando aquela narração.
- Tape os ouvidos.
- Mas querida...
- Tape os ouvidos Orozimbo!
Não haveria margem para discução. Orozimbo obedeceu a contragosto.
Ronaldinho Gaúcho marcou. Três a zero e terminou o primeiro tempo. Que alivio.
- E ai Gardel? Brasil tá dentro e a Argentina vai ter que cagar sangue com a Dinamarca para continuar na disputa - gozou o executivo.
- Sangue? Blood? What is going on? - preocupou-se o norte-americano agora realmente aflito com o que poderia acontecer.
- Chelo luim... muito luim...
O gringo não só perderia o avião como também teria que ser testemunha de algo sanguinolento. Aquilo realmente não estava dentro dos seus planos. Sentiu saudades de Idaho.
- Do not worry is only an expression. (Não se preocupe isto é apenas uma expressão)” - apaziguou a aeromoça com aquela voz típica.
Porque aquelas moças sempre pensam que necessitam agir como as mãezinhas da humanidade? O que dava a elas esta vontade de achar que até num elevador teriam que acalmar os passageiros? O que aquela portuguesa entendia de elevadores?
- Quagarrr sangue? What is Quagarrr?
- Cagar. Attention please. CAGAR. Let me spell to you. (Deixa em soletrar para você) C de Charles, A de Apple, G de Gary, A de Appel, R de Robert! Repeat! (Repita) - assumiu o executivo a tradução para o apavorado gringo.
- GACAR!
- Não. Not Gagar. It is CAGAR With C. C of Charles, Cincinnati, Connecticut. Did you understand ? (Você entendeu?)
Orozimbo não conseguia acreditar naquele diálogo desenvolvido entre o executivo e o pobre americano de Idaho frente aos olhos esbugalhados de uma hospedeira portuguesa e tudo isto tendo os resquícios do peido de um judeu e o mau hálito de um árabe, com pano de fundo. O gringo que agora mais parecia uma batata, pois, além de gordo, estava pegajoso, estava a pronto de aprontar também.
Mas os olhos de Orozimbo se mantinham pregados no rabino que a seu ver estava pronto para soltar outro bombástico. Pelos sons advindos de barriga roncante seria desta feita um trovão. O árabe estava pensando em emitir uma opinião mas ao ser encarado pelo executivo, manteve a sua boca fechada. Só o japona nada notava, pois até pos maranhenses passaram a sentir a gravidade em que todos se encontravam.
Orozimbo tinha que pensar em algo que estancassem aquela onda de gases, mau hálito e pressão psicológica. Uma distração que mantivesse a atenção do rabino em outra coisa que não fosse o funcionamento de seu intestino. Que fizesse o árabe manter sua boca fechada e o norte-americano com os olhos fora do decote da aeromoça. E assim perguntou se dirigindo ao executivo.
- Quando você entrou no elevador estavas falando de Mercosul. E ai, isto vai vingar ou não?
Cristina olhou para o marido perplexa. Da onde ele tirara aquele súbito interesse por assuntos econômicos?
- Como sem falar uma mesma linguagem, se o produto interno bruto do Uruguai inteiro é menos da metade do que a Cidade de Campinas? E na Argentina não há dinheiro circulante, só pero que si, pero que no! E tudo no corralito para receber daqui há dez anos. Dá para acreditar? O Brasil não pode agüentar tudo nas costas. Temos que dar uma banana para estas cucarachas e nos alinhar com os norte-americanos.
- Não sei como vocês podem falar de economia numa hora como esta, ora pois, pois - atalhou a hospedera.
- Tristinha porque ainda não conseguiu pescar o bagre yankee, queridinha?
Ela olhou para o executivo com uma expressão lasciva. Estaria a lusitana inclinada aos prazeres do sexo ali mesmo naquele elevador? Ela abrira sua blusa e o gringo tinha agora seus olhos pregados e o nariz quase enfronhado dentro daqueles seios que quase pulavam fora no apertado algodão branco. O japonês sentiu algo tocar seus fundilhos. O norte-americano, empolgado com as formas da zona mamária da portuguesa, acabara de iniciar uma ereção e apertados como todos estavam, o pobre do japona é que levou com a rebarba.
- Enlabar não. Enlabar não.
E deu uma cotovelada no gringo. Outra Hiroshima não iria suportar. Mas o efeito foi dominó. O gringo refugando bateu no argentino e este acabou por espremer a Cristina que ao proteger-se da investida levou o corpo de seu marido a ir contra o do judeu que não mais pode suportar. O estrondo foi mais do que convincente. Foi cruel.
O japonês, que de veado não tinha nada, arfava com violência. Logo foi o que aspirou com mais intensidade aquele gás quase venenoso. Ele ia aprontar outro Pearl Harbor se o red neck não voltasse logo a seu estado normal de inércia sexual.
- What are you doing?” (O que você está fazendo?). - reclamou o gringo sem entender patavina do porque daquela agressão e do porque daquele cheiro asfixiante.
- Japonês não e vilado não.
O tempo passou e o segundo tempo começou e o Brasil fez o seu quarto gol, mas ninguém mais parecia estar interessado no jogo, ou mesmo no resultado positivo brasileiro. Todos suavam em bicas e sofriam com os odores. Só quando faltavam quinze minutos para o término da peleja os enclausurados daquele elevador definitivamente vieram a ser liberados. Neste ínterim todos tiveram que conviver com mais três peidos do judeu e duas aberturas de boca do árabe. Mas entre mortos e feridos todos se salvaram. Intoxicados mas ainda vivos.
O norte-americano perdeu o avião mas ganhou o cartão pessoal da lusitana. O executivo conseguiu fazer o seu celular funcionar e comprou as ações que despencariam dois dias a seguir. O maranhense jurou que nunca viria mais ao Recife assistir a uma Copa do Mundo. O japonês chamou a segurança para tentar prender o gringo por assedio sexual. O árabe seguiu de forma suspeita o judeu até a rua. E o Orozimbo levou o maior esporro da Cristina. Que exigiu que mudassem para o segundo andar.
Mas o melhor é que durante a disputa, ninguém morreu, ninguém roubou, ninguém traiu, ninguém seqüestrou e ninguém se reuniu para protestar contra o assassinato de Tim Lopes. O único evento anormal naquelas duas horas, foram os peidos do judeu.
O Brasil ganhou. Vendo mais tarde o vídeo Orozimbo tomou conhecimento que o seu herói Dada Maravilha era mesmo um profeta. Ele estava mais uma vez certo;
- Ganhar da China era mais fácil do que comer macarrão.
Nem pé frio podia reverter aquela situação.
Jane Cardoso Cardoso Amei o conto desta semana.Achei super engraçado,kkkkkk.Melhor que desfile de escola de samba do Rio de Janeiro....Lá tem tudo isso e muito mais...Tenha uma deliciosa semana,bjosJane Cardoso Cardoso Amei o conto desta semana.Achei super engraçado,kkkkkk.Melhor que desfile de escola de samba do Rio de Janeiro....Lá tem tudo isso e muito mais...Tenha uma deliciosa semana,bjos
ResponderExcluirSE TIVER TEMPO, VOLTE E LEIA SOU PENTACAMPEÃO, ONDE O POBRE DO OROZIMBO PARTICIPA DE OUTRA SITUAÇÃO INUSITADA, DURANTE A COPA DE 2002
ExcluirRenato,tu nao imaginas o qunto me diverti enquanto lia teu conto,vez por outra precisei interromper,pois nao conseguia parar de rir,sabe quando vc chora,e a barriga dói de tanto rir!!!?assim foi comigo enquanto lia,nem vou te dar os parabêns,seria pretençao da minha parte,é claro que tu és um grande escritor,adoro tambem tuas tuas crônicas,muito obrigada por nos proporcionar esses momentos de descontraçao e diverçao por meio da leitura,sentia mesmo falta de ler algo de bom, um abraço.
ResponderExcluirAdorei!!!! Foi muito divertido, continuo rindo quando me lembro do Enlabar não. Enlabar não. Rsrsrsrssss. Parabéns Renato!!!
ResponderExcluirAdorei....muito bom mesmo...parabêns...vc é um grande escritor....bjssss
ResponderExcluirA literatura é multidiciplinar envolvendo a crítica, a história, a geografia, a retórica, a poética, a psicologia e tantos outros ramos do conhecimento. Gostei do texto, da crítica, do humor, da política... Mas, geograficamente deixou a desejar: Maranhense tambem é brasileiro. Maranhão fica na região Nordeste e não no Norte. Paulista não é sulista. Argentino de Buenos Áres é Portenho. Amplexos. Conde Abbate.
ResponderExcluirMto divertido, Renato!
ResponderExcluirPARABÉNS! Vc é bastante talentoso e criativo!
Bjs
kkkkkkk....meu querido amigo , adorei mesmo!!!!....não sabía se ría ou se apreciava o formato da escrita. Um texto engraçado e ao mesmo tempo inteligente...eu aprecio muito isso e vc merece com certeza todo meu crédito. Vou lendo os demais posts com calma, preciso apreciar seu talento com bastante atenção.Bjs.
ResponderExcluirFantástico...Interrompi a leitura várias vezes pelas gargalhadas incontidas. A descrição das cenas é muito real, nos leva a visualizar o elevador e seus usuários com todos os detalhes pessoais. O conto nos remete ao tempo, local, regionalizações, culturas, costumes e registra tudo isto com muito humor e inteligência...
ResponderExcluirAdorei, parabéns!!! Estou ansiosa pra ler outros contos escritos por você. Sucesso!!! Abraços Bilu Villela-SP
Muito interessante. Você conseguiu transformar uma situação dramática, que normalmente as pessoas ficam em pânico, em uma comédia, em razão de uma situação causada pelo personagem central.
ResponderExcluirHilario,muito bom,quer ter um bom dia é só vir aqui que o astral muda,Parabens!
ResponderExcluirmuuuito bom...extremamente bem escrito!
ResponderExcluirRenato, muito bom! Realmente bem funny para uma segunda chuvooooossaaaa aqui na terra da garoa!
ResponderExcluirNão sei o que seria de mim preso em um negócio desses mais parecendo uma latinha de sardinha do que qualquer outro elevador que conheço! Rsrsrsrs...
Que melda! :-) Valeu!
Renato..parabens...novamente gargalhei..muito bom, nada melhor que começar o dia dando boas gargalhadas...adorei
ResponderExcluirRenato, quase Ca...g...de rir. Você continua ótimo!!!Um forte abraço do "Number One".
ResponderExcluirOlha, cada conto mais hilário que o outro.
ResponderExcluirvocê escreve divinamente e nos leva a viajar, imaginar a situação como realmente está sendo contada.
Nada agradável passar por uma coisa assim,mas voce a tornou descontraida e muito divertida..adorei...vou ler seus contos toda semana...sou sua fã de carteirinha meu querido...parabéns!!!
Rio, 40 graus. Elevador da Central do Brasil lotado, meio-dia. De repente, puf! Faltou luz! O elevador pára entre dois andares, impedindo todo mundo de sair. Sufoco. Desespero. Calor infernal. Pra piorar, alguém solta um peido horroroso, daqueles de nocautear urubu. Todos se revoltam, uma mulher desmaia. De repente, um soldado da PM tira da cintura um cassetete enorme e levanta no ar, bradando:
ResponderExcluir- Se eu descubro quem foi o filho da puta que peidou aqui dentro, eu enfio-lhe esse cassetete inteiro no cu!
Surge então, de repente, uma figura andrógina, roupinha cor de rosa, se espremendo entre as pessoas:
- Com licençaaaaa! Olhe aqui, seu guarda: Não-fui-eu! Mas eu assumo toooda a responsabilidade!